sábado, 19 de março de 2011

Madonna e o musical Tommy.

As referências dos anos 70 utilizadas na época do álbum Confessions on a dancefloor parecem ser bem óbvias, quando a própria Madonna disse que se inspirou em muita coisa que John Travolta fez.


Mas nem tudo é tão óbvio assim.
Além de Madonna outras duas pessoas colaboraram muito com o visual da época, a arte gráfica, os videoclipes, videos para telão em performances, ensaios fotográficos e mais... Steven Klein e Giovanni Bianco.










No ano de 1975, foi lançado o filme Tommy, um musical baseado na obra ópera-rock de mesmo nome da banda The Who, de 1969.
A adaptação para cinema foi dirigida por Ken Russel e contou com algumas modificações na história.




Nora vive feliz com seu amor, o Capitão Walker, mas durante a Segunda Guerra Mundial seu avião é abatido e ele é dado como morto, deixando-a grávida.
Ela então começa um relacionamento com Tio Frank, dono de um campo de férias e o menino Tommy, já com 8 anos, sonha em crescer e seguir o mesmo rumo, aceitando Frank como seu pai.


Mas, um dia, inesperadamente o verdadeiro pai de Tommy retorna e encontra Nora na cama e nos braços de Frank, que o agride e mata com uma lâmpada. Tommy presencia a cena e Nora pede desesperadamente que ele nunca diga isso para ninguém e finja que não viu, esquecendo de tudo.




Tommy então cresce, surdo, mudo e cego e com dificuldades mentais.
Nora e Frank fazem de tudo para tentar curar Tommy, mas ao mesmo tempo são relapsos em sua criação e permitem que ele fique aos cuidados de um primo que o espanca e um tio que o molesta. O dinheiro afasta a mãe de Tommy, que não percebe o universo interior em que ele vive, mas o leva a um culto a Marylin Monroe para ver se ele se cura e nada. Frank o leva a uma prostituta que o leva a usar LSD, mas ele não reage, apesar de aguçar sua percepção.


Tommy desenvolve uma relação com espelhos, já que ele fica parado em frente a eles, como se visse seu interior através deles e cria misturas de imagens de seu verdadeiro pai e outras realidades.
Ele se torna famoso por ser uma campeão de fliperama e pinball, trazendo muito dinheiro á família.
Somente durante uma briga de Nora com ele, que finalmente volta a falar e ver normalmente e fica ainda mais famoso liderando um culto para libertar as pessoas, para salvar e mostrar o caminho a quem queira viver livre. Mas, a multidão já não responde direito a esse culto e acaba resultando em tragédia. Finalmente, Tommy encontra a paz sozinho subindo uma montanha.








Esse enredo dramático e denso pode, e muito, ter inspirado muitas das imagens desta fase da carreira de Madonna.




Imagens espelhadas e multiplicadas aparecem bastante no início do filme.


Tommy e seus reflexos.






A Acid Queen, interpretada por Tina Turner, dança loucamente em seu vestido vermelho enquanto seduz Tommy com as drogas.



A sala branca cheia de luxo e glamour que representa a prisão interna da mãe de Tommy.


 A imagem do homem crucificado que em dois momentos.


A jaula onde dorme a mãe de Tommy durante o ataque que derruba o avião de Cap. Walker.



É só comparar e encontramos estas imagens no encarte do álbum Confessions on a Dancefloor, nos backdrops e performances da Confessions Tour.

Não sabemos quem poderia ter visto o filme e utilizado essas imagens, nem se Madonna se identificou de alguma forma com Tommy, a criança presa e desejosa de libertação, ou a mulher cheia de dificuldades em ser ela mesma.
Essa associação com o filme foi encaminhada a mim por um amigo anos atrás e não sei quem é o primeiro "autor" dessa análise, mas que passa realmente despercebida por quem nunca tenha visto o filme.

Há mais no universo caótico e hiper sensível dos anos 70 presente nesta fase de Madonna, e Tommy é um excelente filme cheio de símbolos, significados, mensagens, uma obra confusa, mas genial. E também dificílimo de achar!

Um comentário:

Edgard disse...

Parabéns pelo texto! não sabia dessas referências!