Federico Fellini, ilustre italiano cineasta transgressor da imagem e do roteiro, contador de histórias e fatos surreais e absurdos do ser humano em contextos que só nossa história pode oferecer.
Madonna, como uma apaixonada pelo cinema e admiradora da arte transgressora, vanguardista, que leva á reflexão e a catarse, tem em sua mente um arquivo de idéias e referências que inclui Fellini.
ROMA, filme de 1972, mostra a visão do próprio italiano Federico da cidade prostituída de todos os tempos. Em uma mistura de imagens e sons com acontecimentos banais e curiosos do comportamento humano rude e grosseiro, em uma metrópole abarrotada de sensações e pensamentos, em múltiplos acontecimentos presenciados pelo italiano Fellini, o filme nos leva a ver e sentir a confusão que é viver no meio disso tudo e trazer essa realidade á nossa própria visão do que é o ritmo do mundo, ritmo sob o qual nos movemos, querendo ou não e mesmo dizendo que não somos vítimas disso tudo.
A prova e a mostra do que o homem fez e faz com seus costumes, como os corrompe e como faz da corrupção das sensações seu modo natural de viver.
Onde encontramos ROMA no trabalho de Madonna?
Pode estar em qualquer lugar. Mas o disco American Life é onde é mais fácil localizá-lo.
American Life brigou com o modo americano de viver. Com a corrupção dos valores em nome de uma dominação mundial subliminar e ardilosa. Isso não é totalmente romano? Não é Roma no auge do seu império? Quem mais dominou os costumes do homem de todas as nações como modelo e padrão a ser reverenciado? Roma.
O filme de Fellini não se passa no Império Romano, mas se passa na cidade cenário que imortalizou a decadência do homem e ainda traz a contaminação pela memória quase saudosa das atrocidades que a mente doente e sedenta de poder, disfarçadas de costumes pitorescos.
Na gloriosa última cena do filme, analisamos como tornamos o supostamente sagrado no mais vulgar e comum, substituindo valores e justificando inutilidades:
Pois o vídeo de American Life original, idealizado por Jonas Akerlund, traz bem explícita essa mensagem, como aquilo que deveria ser preocupação séria desfila pelos nosso olhos descuidados e se torna mero espetáculo, e como tudo passa por nós e assistimos, comentamos e... apenas isso.
A mesma idéia do desfile utilizada no clipe, com soldados e feridos, foi levada para a Re-invention Tour, na mesma idéia do filme. "Religião resulta em fragmentação", disse Madonna. A vaidade disfarçada na feiúra dos símbolos. E a vaidade salta mais aos olhos do que a espiritualidade.
Vida americana, vida romana, vida paulistana, vida carioca. Madonna visionária inspirada por Fellini apaixonado nos leva a ver e rever nossa vida seja qual for e pensar como estamos desfilando.
Apropriado.
Um comentário:
Meu querido, adorei a pesquisa... vc sabe que eu tenho uma coluna no Minsane onde investigo essas referências no trabalho de Madonna? Um de seus posts sobre Metropolis tb foi fonte de pesquisa minha. Adoro posts como este, parabéns!
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