quinta-feira, 8 de março de 2012

Liberação LGBT

Tradução livre feita pelo autor do blog de trechos da entrevista do dançarino Kevin Stea, da Blond Ambition Tour á revista The Advocate.








Câmera rodando!
Era a frase que sempre me surpreendia. É incrível como eu esqueci rápido que as câmeras rodavam.

Os silenciosos homens de preto entravam todas as horas, em cada oração.
Na primeira parte da Blond Ambition Tour no Japão, eu fazia caretas para a câmera e tentava muito ser legal como um cara de 20 anos pode ser. Madonna resistia á intrusão da filmagem no começo mas, como o resto de nós, passou a ver a equipe de filmagem como a equipe da turnê, os músicos e seguranças.


A filmagem de Truth or Dare aconteceu tão naturalmente que se revelou uma amizade nascente. No Texas, durante o segundo mês em filmagem, o diretor Alek Keshishian começou a conduzir entrevistas pessoais conosco. As questões eram francas e desafiadoras. Meu colega Gabriel Trupin foi antes de mim e estava visivelmente tremendo quando voltou. Depois de vê-lo nervoso, vigiei minhas respostas, mas honestamente, eu não tinha muito a dizer de interessante naquela época. Minha vida tinha sido escolas e ensaios – eu não tinha nada muito profundo para compartilhar. E eu não imaginava que depois Madonna estaria em frente a uma TV assistindo ás entrevistas. Foi mais uma maneira de ela nos conhecer melhor, nossas histórias.



O primeiro teste tinha acontecido meses antes. Quando o irmão de Madonna, Christopher me chamou para coreógrafo assistente eu fiquei maravilhado, por que mesmo que eu já tivesse feito de tudo, não achava que tivesse impressionado nas audições. E poucos dias depois Madonna pediu para encontrá-la no Club Louie, passaríamos meses juntos e ela estava querendo saber se eu daria conta. Dez minutos e já estávamos dançando juntos e suando, como se fizéssemos isso toda semana. Senti como se tivesse viajado á cena de Into the Groove em Procura-se Susan ... Vi que ela fez o mesmo com os outros, eu estava sendo observado, mas meu prazer em dançar me fez passar no teste. Ela quis saber quem eu era dançando fora do palco. Isso foi esperto, legal, humano. Ela nos observou constantemente desde o primeiro dia, para ver como era nossa dinâmica juntos. Ela conhecia suas crianças.



Brincar de Truth or Dare, o jogo que deu nome ao filme, não foi planejado. Acho que foi o Carlton quem deu a idéia conversando com Madonna, eu Gabriel ou Oliver (corrijam-me), mas isso evoluiu para a parte mais reveladora da turnê. Nunca fiquei tão chocado como quando Madonna começou a simular felação numa garrafa de Perrier ou quando me deu um beijo na boca. Era eu que engasgava pelo seu constante uso da palavra “fuck”. Depois, na refeição, pediu que nos reuníssemos á mesa e falássemos o que um achava do outro. Isso foi igualmente aproximador e separador.




Nos tornamos uma família naqueles meses, com todo o amor, disfunções, o drama e triunfo que isso trouxe. Aprendi a respeitar Madonna como artista em todas as formas. Mais que sua música, respeito como ela defende o que acredita Eu a vi várias vezes defendendo sua música, seu show, nós, seus amigos e a liberdade de expressão. Até queles momentos eu nunca tinhe verdadeiramente percebido que diferença uma única pessoa pode fazer, como palavras e imagens podem ficar para sempre na consciência do público.


Só agora, nos últimos sete anos mais ou menos e com as mídias sociais, eu realmente vi o impacto daquele filme no pop e na cultura gay. Constantemente recebo mensagens de pessoas reforçando como aquele filme mudou suas vidas. O que mais ouço é que isso os ajudou a aceitar sua sexualidade e perceber que poderiam ser gays e felizes. O estigma sobre os gays na era Reagan e a falta de visibilidade na mídia deixaram tantos isolados, sozinhos e se sentindo diferentes. Isso trouxe esperança para toda uma geração da comunidade LGBT

É fácil esquecer o contexto social de Truth or Dare e como a visibilidade LGBT progrediu.


Antes desse filme eu não via gays na TV e só alguns em filmes comerciais e repentinamente eu era um deles. Eu não tinha abraçado minha sexualidade ainda mas explorava isso abertamente e me descobria em turnê. Estava fascinado por Luis e Jose Extravaganza que eram assumidos há anos, mas o que significava ser gay? Vendo a Parada Gay em Nova York, foi informativo e confuso. O filme me assumiu, mesmo que eu não tivesse certeza se era gay. Eu tinha atração por homens e não negava e descobri um mundo que me recebeu de braços abertos e ainda o faz.

 
 

Eu fui introduzido a todo o mundo na Blond Ambition Tour. Sou afortunado de ter o registro daquela aventura pelas câmeras. Foi minha festa de sair do armário e com uma anfitriã como Madonna como eu poderia errar?


Truth or Dare será lançado em Blu Ray em 03 de abril.

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